O mistério por trás do vidro amarelo encontrado no deserto finalmente foi desvendado por uma equipe de cientistas liderados pela geocientista Elizaveta Kovaleva. Essa substância peculiar pode ser encontrada espalhada pelas areias do Grande Deserto de Areia, uma vasta região que se estende entre o Egito e a Líbia.

Conhecido como vidro do deserto líbio, esse material tem intrigado pesquisadores por décadas devido à sua beleza, raridade e origem desconhecida. O próprio túmulo do faraó Tutankhamon contém um pingente feito desse vidro. Embora existam outros vidros naturais encontrados em diferentes partes do mundo, como as moldavitas e as tectitas, nenhum deles se iguala ao vidro do deserto líbio em termos de teor de sílica e quantidade.

A origem desse vidro tem sido objeto de debate há quase um século. Diversas hipóteses foram propostas ao longo dos anos, desde erupções vulcânicas na Lua até impactos de raios. No entanto, graças ao uso de tecnologia avançada de microscopia, a resposta finalmente foi encontrada. Kovaleva e sua equipe, composta por pesquisadores de universidades e centros científicos da Alemanha, Egito e Marrocos, identificaram o vidro do deserto líbio como resultado de um impacto de meteorito na superfície terrestre.

Essa descoberta é de grande importância, pois colisões espaciais desempenharam um papel crucial na formação do sistema solar e dos planetas. No caso do vidro do deserto líbio, estudos anteriores determinaram que ele tem cerca de 29 milhões de anos. No entanto, a composição química do material original levou a novas perguntas. Os pesquisadores encontraram grãos de quartzo revestidos por minerais de argila mista, óxidos de ferro e titânio. A presença desses minerais em condições específicas de pressão e temperatura forneceu evidências sólidas de que o vidro do deserto líbio é resultado de um impacto de meteorito ou explosão de uma bomba atômica na crosta terrestre.

Apesar dessa descoberta emocionante, ainda há mistérios a serem desvendados. Os cientistas agora buscam identificar a cratera original, ou seja, o local exato onde o meteorito atingiu a superfície terrestre. As crateras conhecidas mais próximas, chamadas GP e Oasis, possuem diâmetros de 2 km e 18 km, respectivamente, mas estão distantes da região em que o vidro foi encontrado. Portanto, novas investigações serão necessárias, incluindo estudos de sensoriamento remoto e geofísica, a fim de localizar e compreender a cratera responsável por essa impressionante quantidade de vidro de impacto.

Essa descoberta não apenas soluciona um antigo enigma geológico, mas também abre caminho para novas pesquisas e explorações sobre a formação de crateras e impactos de meteoritos em nosso planeta. A história por trás do vidro amarelo do deserto finalmente começa a ser revelada, proporcionando uma visão fascinante do passado distante da Terra e dos eventos cósmicos que moldaram o nosso mundo.

é bacharel em administração de empresas e fundador da FragaNet Networks - empresa especializada em comunicação digital e mídias sociais. Em seu portfólio estão projetos como: Google Discovery, TechCult, AutoBlog e Arquivo UFO. Também foi colunista de tecnologia no TechTudo, da Globo.com.

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