Desde os primórdios da humanidade, a pergunta sobre a existência (ou não) de outros universos vem intrigando mentes brilhantes do mundo científico. E se eu disser que essa questão ainda é um dos grandes desafios da física moderna? Pois é, o astrofísico Martin Rees é um dos que se arrisca a responder essa questão.
Segundo Rees, é difícil imaginar outros universos com leis físicas ligeiramente diferentes das nossas, onde não surgiria qualquer tipo de vida inteligente ou sistemas organizados complexos.
Então, será que deveríamos nos surpreender por existir um universo onde a vida como a conhecemos pode emergir? Esse questionamento, inclusive, vem sendo discutido por físicos há décadas.
Até o momento, podemos retroceder a história cósmica até um segundo após o Big Bang. Contudo, antes desse marco, fica mais complicado avaliar o que aconteceu.
Nossos aceleradores de partículas não conseguem gerar energia suficiente para reproduzir as condições extremas que predominavam no primeiro nanossegundo do universo. Sendo assim, espera-se que as características fundamentais de nosso universo tenham sido impressas nesse momento tão breve.
Os valores das constantes fundamentais, que descrevem as condições do universo, estão dentro de uma faixa que permite a evolução de sistemas complexos como estrelas, planetas e, por fim, humanos. Acontece que se alterarmos alguns desses valores em apenas alguns por cento, nosso universo seria insuficiente para a vida.
Diante disso, alguns físicos defendem que nós vivemos em um multiverso, que contém domínios com leis físicas e valores de constantes fundamentais diferentes. A maioria deles seria totalmente inadequada para a vida, mas alguns deveriam ser favoráveis à vida, estatisticamente falando.
O que Rees sugere é que há uma motivação real para explorar universos “contraditórios”. Esses universos teriam gravidades e outras físicas diferentes, a fim de investigar que combinação de parâmetros permitiria a emergência da complexidade e quais levariam a cosmos estéreis.
Rees ainda afirma que, como ciência, precisamos ser abertos à possibilidade de uma grande revolução cosmológica. Primeiro, tivemos a realização copernicana de que a Terra não era o centro do sistema solar – ela gira ao redor do Sol.
Depois, percebemos que há planetas em zilhões de sistemas planetários em nossa galáxia, e que há zilhões de galáxias em nosso universo observável. Será que a nossa observação – na realidade o nosso Big Bang – é apenas uma pequena parte de um conjunto muito maior e possivelmente diverso?
Em suma, a física moderna está em constante evolução e, apesar das especulações sobre a existência de multiversos, ainda precisamos avançar muito mais para entender as nuances do universo em que vivemos e compreender se há, ou não, outros universos além do nosso.