Um número surpreendentemente grande de pessoas no Brasil concorda com a ideia de que nosso planeta não é o que parece.
Na era dos satélites em órbita, da espaçonave interplanetária e de uma estação espacial totalmente tripulada, o fato de a Terra ser redonda (um esferoide oblato) é tão incontestável quanto o nariz em seu rosto.
Notavelmente, no entanto, ainda existem aqueles que permanecem inflexíveis de que a Terra é realmente plana.
Um país em que a crença nesse conceito bastante bizarro é particularmente difundida é o Brasil, uma nação em que, de acordo com dados de pesquisas recentes, até 7% da população acha que a Terra é plana – são 11 milhões de pessoas.
Alguns ligaram essa tendência, juntamente com o aumento da popularidade do criacionismo e da negação das mudanças climáticas, à igreja cristã evangélica, que se tornou cada vez mais dominante no Brasil nas últimas décadas, com mais de um quarto da população agora se identificando como evangélica.
Isso, por sua vez, ajudou a alimentar a ascensão ao poder do presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, cujo associado político Olavo de Carvalho twittou infame que ele ‘não podia refutar’ os conceitos da Terra plana.
“Não estudei o assunto da Terra plana”, escreveu ele. “Acabei de assistir a alguns vídeos de experimentos que mostram que as superfícies aquáticas são planas – e até agora não encontrei nada para refutá-las”.
Infelizmente, apesar de não se basear em absolutamente nenhuma lógica ou evidência, a idéia de que a Terra é plana parece continuar ganhando força em todo o mundo como uma espécie de vírus.
“Sabemos com certeza que a Terra não é plana desde Galileu, desde o início do século XVII”, disse o astrônomo Roberto Costa, da Universidade de São Paulo.
“Mas os gregos antigos o haviam reunido mais de 2.000 anos atrás.”
“Para os cientistas, essa (teoria da Terra Plana) parece mais um tópico para psicólogos ou sociólogos estudarem. A forma da Terra não é um problema científico para os astrônomos.”