Em um dia claro e quente de maio do ano de 1956, peixes vivos precipitaram-se do céu em uma fazenda em Chilatchi, Alabama, EUA. Testemunhas disseram ter visto os peixes caírem de uma certa nuvem que se formou a partir de um movimento espiralado "vindo do nada". Quando começou a chover sobre uma área de aproximadamente sessenta metros quadrados, então a nuvem estranha perdeu sua tonalidade escura passando a quase-branca e foi aí que peixes de três tipos: bagres, gorazes e percas "despencaram " do céu. Como estavam vivos e se debatendo, podia-se deduzir que eles não estiveram no céu por muito tempo, mas nenhuma das pessoas que os viu foi capaz de explicar aquela tempestade que durou cerca de 15 minutos.
Embora os peixes pertencessem a espécies do local e houvesse um riacho em que pululavam a cerca de três quilômetros dali, não houvera qualquer furacão ou tornado nas últimas semanas, de modo que era difícil imaginar como aqueles peixes teriam sido erguidos ao céu e transportados até onde caíram. Como disse uma testemunha: "Foi a coisa mais estranha que eu já vi".
Certamente estranha, mas seria errado defini-la de forma superlativa. Prescipitações de peixes constituem um fenômeno observado em todas as partes do mundo. Os primeiros relatos a respeito dessas prescipitações surgiram desordenadamente em revistas e até mesmo em sensatos e ajuizados jornais científicos que publicaram reportagens sobre chuvas de granizo de arenques, nevascas de lulas e tornados de trutas.
Durante este século, houve ocorrências semelhantes nos EUA, inclusive casos de dilúvio em Boston (Massachusetts), Thomasville (Alabama) e em Witchita (Kansas). Na manhã de 19 de dezembro de 1984, peixes caíram do céu em grande quantidade na auto-estrada de Santa Monica, Los Angeles, causando um caos no trânsito. No ano seguinte, em maio de 1985, outra enorme quantidade de peixes caiu no quintal do imigrante hispânico Louis Castorino, de Fort Worth, Texas. Castorino admitiu depois que ficou muito assustado com a experiência, cuja origem ele diz certamente sobrenatural.
Prescipitações de peixes são tão comuns em alguns países, como a Índia e a Austrália, que os jornais locais praticamente já não as noticiam mais. Um naturalista australiano, Gilbert Whitley, chegou a publicar uma histórica lista de não menos que cinqüenta precipitações de peixes antipodais em 1972. O material de Whitley continha relatos sobre riachos de barrigudinhos em Cressey, Victoria, camarões perto de Singleton, New South Wales, percas pigméias em Hayfield, Victoria, e uma espécie de peixe de água doce não identificada, que foi encontrado em um subúrbio de Brisbane.
Apesar de tais prescipitações de peixes serem menos comuns na Grã-Bretanha, há notícias de vários relatos confiáveis. O mês de agosto de 1914 viu chover enguias na área de Hendon, em Sunderland, enquanto, naquele mesmo mês em 1948, o senhor Ian Patey, de Hayling Island, foi surpreendido por uma chuvarada de arenques durante uma partida de golfe. Caranguejos e moluscos encontram-se entre os vários tipos de crustáceos presentes nas estranhas precipitações que assolam a Grã-Bretanha.
Será que existe alguma outra explicação para esses eventos que não seja a sobrenatural? Certas pessoas acreditam que sim. Na opinião da maioria dos meteorologistas, as prescipitações de peixes podem ser consideradas uma fantasia e a única explicação para elas não é necessariamente de natureza sobrenatural. Tais especialistas acreditam que um furacão ou uma tromba d’água suguem os peixes dos grandes corpos d’água como um aspirador de pó e levam-nos às alturas, carregando-os através de uma curta distância e finalmente largando-os. Essa versão dos fatos poderia com certeza esclarecer alguns casos, ainda que ninguém jamais tenha testemunhado um furacão elevando criaturas marinhas dessa maneira. É ainda mais difícil imaginar como o vento seria capaz de selecionar uma só espécie e como nenhum resíduo marinho, tal com areia ou algas, é lançado com as criaturas. Não há registros que sustentem que a água da chuva fosse salgada nos locais onde houve prescipitações de espécies marinhas e, ao mesmo tempo que a teoria da tromba d’água pode consistir em uma explicação aceitável para o fato de os tipos de peixes que se precipitam serem justamente os que habitam os corpos d’água das cercanias, ela não dá conta dos casos em que ocorrem precipitações de peixes a quilômetros do litoral ou nos quais as espécies em questão pertencem a uma variedade que habita águas profundas.
Talvez a mais fantástica de todas as prescipitações de peixes foi a dádiva que caiu do céu exatamente em uma embarcação aberta com cerca de cinco metros, pertencente a três pescadores de uma pequenina ilha no arquipélago de Kiribati, no Pacífico, em 4 de abril de 1986. Com o barco danificado durante uma tempestade, os três ocupantes sobreviveram por 119 dias à deriva até serem resgatados a cerca de novecentos quilômetros do ponto onde sua enbarcação foi avariada. Durante aquele período, eles sobreviveram caçando tubarões com as próprias mãos, esmurrando-os até a morte e comendo-os crus. Em uma noite próxima ao final daquela provação, desesperados e enjoados do gosto repetitivo da carne de tubarão, os três homens rezavam a Deus rogando que lhes concedesse outro tipo de comida, quando, subitamente, algo caiu em sua embarcação. Era um peixe de cor negra extremamente raro e delicioso, que nunca se aproximava da superfície e que era conhecido por habitar águas muito profundas. Quando foram resgatados, relataram sua história a biólogos marinhos, causando-lhes estufepação, e estes confirmaram que aquela variedade especial de peixe costumava viver em profundidades inferiores a cerca de duzentos metros, o que simplesmente colocava de lado a possibilidade mais óbvia: de que um pássaro que estivesse passando tivesse largado o peixe. Seria uma resposta às orações dos três homens?
No geral, prescipitações de peixes poderiam ser mais bem resumidas pelas palavras de Winston Churchill: "Um mistério disfarçado de enigma".